Também chamado de ketamina, anestésico é indicado para casos resistentes a remédios convencionais
A cineasta Mariana Baques Soares, de 31 anos, tem depressão há duas décadas. Após fazer tratamento com diversos remédios e psicoterapia, ela testou uma substância diferente para a sua doença: cetamina. O efeito do medicamento, diz ela, mudou a sua vida: “Resgatei aquela vontade inata de viver e não preciso fazer força para levantar da cama”.
Mariana tem o que os médicos chamam de depressão resistente ou refratária, isto é, quando o paciente não responde ao tratamento convencional com antidepressivos e estabilizadores de humor.
Há poucos anos, a cetamina, um anestésico também conhecido como ketamina, tem sido utilizado para tratar pessoas com o mesmo diagnóstico da cineasta.
Segundo Mariana, seu histórico de transtorno mental começou por volta dos 8 anos, com sintomas de síndrome do pânico e ansiedade. Aos 11 anos, ela foi diagnosticada com depressão e passou a ter acompanhamento psicológico. A doença afetava sua vida a ponto de ela não dar conta de ir ao cinema ou ao shopping.
Mariana começou a tomar antidepressivo aos 17 anos e sentiu os benefícios da medicação por dois anos. “Tive que deixar a faculdade, porque eu não conseguia sair de casa. Eu também não deixava a minha mãe sair, por medo de ficar só. A depressão me deixa de cama. Eu fico dez horas deitada, olhando para o teto, em estado vegetativo. Não consigo me levantar, tomar banho, pentear o cabelo ou me alimentar. Não tenho força pra fazer nada”, conta.
A cineasta testou outras drogas e o resultado era sempre o mesmo: a medicação fazia efeito por um tempo, mas logo a depressão incapacitante se instalava novamente. Há 1 ano e meio, após dar à luz, Mariana teve depressão pós-parto e os sintomas se agravaram. “Eu passei a ter medo de coisas que eu não tinha antes, como fantasmas”, lembra.